Sindicato denuncia que empresários abandonaram o país e trabalhadores ficaram sem indemnização após violência pós-eleitoral.
Maputo - A Organização dos Trabalhadores de Moçambique - Central Sindical (OTM-CS) revelou esta segunda-feira que mais de 12 mil trabalhadores moçambicanos perderam os seus empregos após as eleições de 9 de outubro, sem receberem qualquer indemnização.
Empresários Abandonam o País
O secretário-geral da OTM-CS, André Mandlate, denunciou durante a celebração dos 49 anos da organização que "alguns agentes económicos abandonaram o país", deixando milhares de trabalhadores desamparados.
"Neste momento, temos mais de 12 mil trabalhadores que perderam seus postos de trabalho após as eleições de 9 de outubro e, de grosso modo, estes trabalhadores não foram indemnizados por conta de alguns agentes económicos que abandonaram o país", declarou Mandlate aos jornalistas em Maputo.
Indemnizações Injustas
Segundo o líder sindical, os poucos trabalhadores que receberam alguma compensação consideram os valores "não foram justas". A OTM-CS está agora a assessorar os sindicatos nacionais para encontrar soluções face a esta situação crítica.
Contexto de Violência Pós-Eleitoral
A onda de desempregos surge no contexto das manifestações e protestos que se seguiram às eleições gerais de 9 de outubro. Moçambique viveu a pior contestação desde as primeiras eleições multipartidárias em 1994, liderada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais.
Impacto Económico Devastador
Dados preliminares da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) indicam que:
- Mais de 500 empresas foram vandalizadas, sobretudo na província de Maputo
- 40% do tecido industrial de Moçambique foi danificado
- 24,8 mil milhões de meticais em perdas para o sector empresarial
- Risco de 500 mil desempregados caso a situação se agrave
Salários Versus Custo de Vida
André Mandlate aproveitou também para criticar a actual fixação de salários dos funcionários moçambicanos. Segundo estudos, a cesta básica para um agregado familiar de cinco pessoas tem um custo mínimo de 42.955 meticais (585,13 euros), valor muito superior aos salários mínimos praticados no país.
Sectores Mais Afetados
Os trabalhadores desempregados concentram-se principalmente:
- Indústria transformadora
- Comércio a retalho
- Serviços
- Construção civil
Reações e Perspectivas
O Governo moçambicano ainda não se pronunciou oficialmente sobre as medidas concretas para apoiar os milhares de trabalhadores afetados. A situação levanta preocupações sobre a estabilidade social e económica do país nos próximos meses.
A OTM-CS exige que o Governo implemente políticas urgentes para:
- Proteger os direitos dos trabalhadores
- Garantir indemnizações justas
- Criar condições para a recuperação económica
- Ratificar convenções internacionais sobre direitos laborais
Dados Actualizados
O último aumento dos salários mínimos em Moçambique foi de 2,9% a 9%, conforme os sectores, com efeitos retroativos a 1 de julho. Contudo, os especialistas consideram estes valores insuficientes face ao custo de vida crescente.
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Categoria: NACIONAL | Economia & Trabalho Data: 25 de Outubro de 2025
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